quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

"A Renovação Carismática não quer confronto com nenhuma igreja ou denominação"




Eleita a primeira mulher presidente da Renovação Carismática Católica do Brasil, a capixaba Katia Roldi Zavaris aposta nos grupos de formação de fiéis para fortalecer a identidade da Igreja.



Há 25 anos ela teve a primeira experiência com Jesus Cristo, quando começou a frequentar um grupo de oração na Catedral de Vitória, junto com aproximadamente 800 pessoas.  Era setembro de 1987, data que jamais esqueceu. Daí em diante, não parou de servir à Igreja Católica. Coordenou por sete anos a Renovação Carismática Católica do Espírito Santo (RCC), participou de várias missões dentro e fora do país e, em junho deste ano, foi eleita presidente da Renovação da Arquidiocese de Vitória. A responsabilidade, que já era grande, ficou ainda maior em setembro deste ano, quando tornou-se a primeira mulher presidente da RCC Brasil. Mal assumiu a função e já começou o planejamento para os próximos anos do movimento em Vitória, que será modelo para todo o país e terá na Capital uma pequena sede da Renovação Nacional. Nesta entrevista, Kátia fala sobre o aumento do número de evangélicos e as ações para manter os fiéis católicos; como concilia a vida familiar, o trabalho – ela é proprietária de uma escola de inglês na Praia do Canto – e o servir; além de adiantar como será a participação do Estado na Semana Missionária, evento que vai anteceder a Jornada Mundial da Juventude 2013, no Rio de Janeiro. 

Como conheceu a Renovação Carismática Católica?
Sou de família católica praticante e nunca estive fora da Igreja. Na minha família há cinco freiras – duas já falecidas. Fui caminhando em outros grupos dentro da Igreja, que tem serviços para todos os gostos. E a convite de uma amiga, em setembro de 1987, conheci o grupo de oração da Catedral de Vitória. Quando fui pela primeira vez, senti que ali era o meu lugar, fiz a minha primeira experiência com Jesus Cristo. Toda a minha vida como Igreja Católica foi a Renovação que me ensinou, que me fez aprofundar.  

O grupo de oração é uma parte jovem da igreja?
Se você olhar toda a história da igreja, com certeza é um dos movimentos mais novos. Vamos completar em 2017 o nosso jubileu (50 anos).  

O que não quer dizer que só jovem participa...
A experiência no Espírito Santo é para todo cristão. No grupo de oração há pessoas de todas as idades. Nos nossos grupos há o ministério para as crianças, onde pessoas ficam com os pequenos e os evangelizam. Começa desde pequenininho e vai até a terceira idade. Tem pessoas de 95 anos ainda servindo à Igreja, através do grupo de oração. 

A Renovação Carismática foi criada, de certa forma, para recuperar os fiéis que estavam indo para igrejas protestantes?
De maneira nenhuma. Ela não foi criada, a renovação surgiu. Não houve premeditação no surgimento do movimento. Foi pela vontade de Deus. O Papa João XXIII, na abertura do Concílio Vaticano II, fez essa oração: “Renova Senhor, em nossos dias, a graça do seu Espírito Santo como em um novo Pentecostes”. A gente entende como uma resposta do papa. A Renovação é um movimento que surgiu depois do concílio. O concílio terminou por volta de 1965, e, entre 1966 e 1967, a Renovação oficialmente surge em um retiro que aconteceu com jovens nos Estados Unidos. Creio que foi um pedido atendido, mas sem premeditação. 

Algumas pessoas veem semelhança entre os grupos de oração e as igrejas pentecostais.
A nossa identidade é o batismo no Espírito Santo. É o Pentecostes. É o invocar a cada semana no grupo de oração a renovação do Espírito Santo, que é a terceira pessoa da Santíssima Trindade. Os grupos de oração têm como identidade o Pentecostes, mas não são pentecostalistas. A partir do momento que descobrimos que Deus é uma pessoa, e o seu Espírito Santo comunica em nós a graça do Deus vivo, nós passamos a nos comunicar com Ele. Nós o louvamos, conversamos. A nossa forma de oração é bem pessoal. Eu com Deus. E, às vezes, isso faz com que as pessoas achem que nos assemelhamos a algumas igrejas evangélicas, mas somos Católicos Apostólicos Romanos. Não somos uma outra igreja. Integramos um movimento com  características peculiares.

A Renovação Carismática sofre preconceito dentro da própria Igreja? Ainda há pessoas que não veem o movimento com bons olhos?
Isso foi bem comum no princípio, porque era algo muito diferente. A forma de nos relacionarmos com Deus, os gestos que usamos, que são bíblicos. Hoje, o preconceito é mínimo. A Renovação na nossa arquidiocese está inserida em todas as paróquias. Membros da Renovação estão inseridos nas várias pastorais e serviços da igreja. O preconceito  é muito raro, graças a Deus. 

O Brasil tem como presidente uma mulher, e agora a senhora foi eleita como a primeira mulher presidente da Renovação Carismática do Brasil. Como vê essa escolha?
As mulheres estão ocupando o seu espaço, mas eu vejo por um prisma um pouco diferente. A evangelização é urgente, tanto que o Papa Bento XVI convocou um sínodo em Roma para se pensar as novas formas de evangelizar. Acho que a escolha de uma mulher é um sinal de Deus dizendo que precisamos nos unir, homens e mulheres, filhos e filhas de Deus, para uma grande evangelização. Nós não podemos, neste momento, nos segmentar. É necessário que toda humanidade se una para que o nome de Jesus seja proclamado como único Senhor, único Rei, de todas as coisas. 

A senhora quis ser fotografada com a imagem de Maria. O que representa Nossa Senhora para a Igreja?
Maria é a mãe da Igreja, porque ela foi escolhida por Deus para gerar o filho dele. Ela é muito importante para nós. Nós respeitamos Maria como alguém que tem um papel na história da Igreja extremamente importante. Se Jesus é a nossa salvação, Maria foi escolhida para trazer a salvação ao mundo. Portanto, ela não é qualquer pessoa. Ela é a mãe do nosso Senhor e ela merece, sim, um lugar especial no nosso coração e nas nossas igrejas. 

O número de evangélicos no Brasil cresceu nos últimos anos. Como pretende fazer um enfrentamento a esse crescimento? E buscar os que ainda não tem religião?
O que a gente pretende fazer é fortalecer o nosso movimento através de formações, para que as pessoas possam conhecer toda a riqueza da Igreja Católica. Em nenhum momento nós queremos confrontar com nenhuma igreja. Quando conhecemos profundamente a nossa, nós a amamos, não temos vontade de sair. Ela nos completa. Como Renovação temos que fortalecer a nossa identidade. Assim estaremos ajudando católicos e não católicos a permanecerem na nossa igreja. Quem faz a experiência de Jesus Cristo profunda tem o desejo de levar essa mesma experiência a outras pessoas. O verdadeiro evangelizado ajuda a evangelizar outros. 

A sede da Renovação em Vitória vai passar por reformas?
A Casa de Maria é a sede da Renovação na Arquidiocese. Lá, temos o escritório estadual da Renovação e, como fui eleita presidente da Renovação do Brasil, teremos também um pequeno espaço, apenas para a presidência. A casa, que é o antigo Colégio do Carmo, no Centro de Vitória, abriga o coração da Renovação do Brasil, do Estado e da Arquidiocese. A reforma vai começar pelo telhado do auditório, no início de janeiro de 2013. Nós somos muito agradecidos ao arcebispo de Vitória, Dom Luz Mancilha Vilela, por nos ter cedido esse espaço. 

Como os fiéis da Igreja Católica podem ajudar a melhorar a sociedade?
Sendo católicos cristãos verdadeiros. Vivendo o que nos diz a doutrina social da igreja. Pessoas que vivem o evangelho autenticamente, contribuindo com a mudança da sociedade, sendo pessoas íntegras, retas, verdadeiramente convertidas. Pessoas de caráter, que não são individualistas, que sempre pensam no próximo. 

Como a senhora concilia o servir à Igreja, a família e o trabalho?
Sou formada em Letras/Inglês pela Ufes, dou aulas de inglês desde os 16 anos de idade. Depois, tive a oportunidade de ter a minha própria escola, que ocupa bastante o meu tempo. Sou casada há 18 anos – não tenho filhos. Eu costumo dizer que Deus quando nos chama age na nossa vida de forma milagrosa, impactante. Toda a minha vida é direcionada por Ele. Costumo dizer que o tempo da minha vida é um milagre. É claro que não é sem sacrifício, porque o corpo sente, mas Deus restaura e tudo vai se encaixando.

Jovens virão para o Estado para a Jornada Mundial da Juventude, no Rio?
A igreja de Vitória e algumas dioceses, além de outras cidades próximas ao Rio de Janeiro, foram escolhidas para ter a Semana Missionária. O que se prevê é o número de 10 mil jovens do mundo inteiro. Eles serão acolhidos por famílias, e as paróquias vão oferecer momentos de convivência e evangelização. 

O que a senhora gostaria de dizer às pessoas?
Nós precisamos doar as nossas vidas. Muitas pessoas têm medo, acham que vão perder a vida, e ocorre o contrário. Quanto mais  a gente se doa para Deus, mais a nossa vida é ampliada, tem sentido e alegria. Eu posso dizer, sem medo algum, que, quando temos Jesus como Senhor da nossa vida estamos na estrada certa. Não há  mais perda de tempo. 



Laila Magesk
lmagesk@redegazeta.com.br
Foto: Ricardo Medeiros

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

RCC de Iguatu realiza Congresso Diocesano


Aconteceu no último dia 18 o Congresso Diocesano de Iguatu/CE. Com o tema “apascenta as minhas ovelhas” o congresso contou com a presença do Coordenador da RCC Arquidiocesana, Rayme Cavalcante, do Fundador da Comunidade Mariana Boa Semente, Pádua Costa e ainda do Bispo Diocesano, Dom João José, que proporcionou a todos a sua palavra de pastor.
Logo pela manhã Rayme Cavalcante, convocou todos a apascentar as ovelhas que estão no redil e ir à busca das que estão se perdendo, não por falta de conhecimento da doutrina, mas por falta de acolhimento. Já Pádua Costa pregava de modo empolgante sobre o testemunho de vida que devemos dar, não sendo carismático esteticamente, mas vivendo as práticas espirituais e deixando que elas transformem nossas vidas.
Com mais de 500 participantes, o congresso foi aos olhos de muitos um acontecimento que vai marcar a RCC daquela diocese. Se podia ouvir de vários participantes que a muito tempo não se reuniam tantas lideranças, para em unidade, renovar a identidade e missão.
O evento ainda contou com apresentações de dança, teatro, música e partilha entre ministérios, que puderam programar datas para o ano de 2013.  A última pregação do sábado foi de Padre Samuel, que convocava todos a levar o pentecostes àqueles que precisam. Exortava a sair de grupinhos fechados e pedia que se buscasse viver em santidade. “Não existe justificativa para não vencer a tribulação se temos o Espírito Santo.” – dizia o sacerdote.
Adoração e Santa Missa regaram o encontro, que contou com a participação ainda de Padre João Batista, Diretor Espiritual da RCC na diocese, que usando de bom humor comentava na homilia sobre o “fim do mundo”. “O mundo que deve acabar é o nosso, pois devemos deixar de colocar a nossa confiança em pessoas, mas sim em Jesus” – comentava o celebrante.
Para a jovem Pâmela Vieira, foi um congresso de restauração para os servos dos Grupos de Oração. “No fim do dia pudemos perceber que não somos somente amigos, mas sim irmãos em Cristo, e como tal, devemos apascentar uns aos outros.” – finaliza.

Eder Machado – MCS RCC Ceará com Informações de Pâmela Vieira (MCS Diocese de Iguatu)

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Conheça o tema e a arte da RCC para 2013


A Renovação Carismática Católica do Brasil já tem o tema que norteará suas atividades durante o ano de 2013: “Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé”. Este versículo está na primeira carta de São João, capítulo 5, versículo 4b. Tal temática foi discernida pelo Conselho Nacional como forma de incentivar o Movimento a vivenciar de forma intensa a proposta do Ano da Fé, que será aberto pelo Papa Bento XVI nesta quinta-feira, dia 11 de outubro, como comemoração ao 50º aniversário do início do Concílio Vaticano II.

O tema também é um convite ao vivo e autêntico testemunho cristão, buscando incentivar cada carismático a exercer a militância apostólica e a combatividade profética em suas realidades. Dessa forma, a arte que ilustra essa temática evidencia a cruz, principal símbolo da nossa fé.
Baixe aqui a arte do tema da RCC para 2013.



quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Grupo de Oração: A Formação do Coordenador



1 Introdução
“Olha por ti e pela instrução dos outros. E persevera nestas coisas. Se isto fizeres, salvar-te-ás a ti mesmo e aos que te ouvirem” (1 Tim 4,16).

A formação é uma grande necessidade em nossos tempos. Tempos marcados pela pluralidade e diversidade de opções, caminhos, visões e onde os valores são relativos. Tempo em que a mídia quer desvalorizar a Igreja Católica e seus ensinamentos.A falta de compreensão dos objetivos da formação tem causado desvios que aparecem no serviço e principalmente nos momentos de crise.
O documento de Aparecida no nº 226c diz: “Junto a uma forte experiência religiosa e uma destacada convivência comunitária, nossos fiéis precisam aprofundar o conhecimento da Palavra de Deus e os conteúdos da fé, visto que esta é a única maneira de amadurecer sua experiência religiosa. Neste caminho, acentuadamente vivencial e comunitário, a formação doutrinal não se experimenta como conhecimento teórico e frio, mas como ferramenta fundamental e necessária no crescimento espiritual, pessoal e comunitário” (Grifo dos autores deste texto).
O mesmo documento, no número 276, nos ensina que qualquer que seja a função que desenvolvemos na Igreja, para sermos fiéis à vocação a qual fomos chamados, requer uma clara e decidida opção pela formação.A formação cristã é um processo que potencializa as qualidades do formando e o capacita para o serviço, é um processo contínuo de crescimento buscando levar todos a uma vida de santidade.

2.1 A formação na RCC
A Renovação Carismática Católica - RCC como movimento eclesial também é chamada à formação. É necessário transmitir o que temos aprendido na RCC. Somos chamados a ensinar a sã doutrina da fé e a identidade da RCC, pois a formação é garantia da vida e do vigor do movimento; a guardiã dos carismas. Os coordenadores dos Grupos de Oração devem ser os primeiros a buscarem a formação para que possam responder com qualidade à missão que foram chamados. Tem sido grande o número de reclamações dos coordenadores de ministérios sobre a posição adotada por muitos coordenadores, que além de não participarem das formações, não transmitem para os demais a programação de formação da RCC.
João Paulo II falando à liderança da RCC em 07 de maio de 1981 disse: “O papel do chefe consiste, principalmente, em dar exemplo de oração na própria vida. Com esperança fundada e solicitude cuidadosa, toca ao chefe assegurar que o multiforme patrimônio da vida de oração na Igreja seja conhecido e aplicado por aqueles que procuram renovação espiritual, meditação sobre a Palavra de Deus, uma vez que a ignorância da escritura é ignorância de Cristo (...) Deveis estar interessados em proporcionar comida sólida para a alimentação espiritual, partindo o pão da verdadeira doutrina (...) sejais ainda mais profundamente formados no ensinamento da Igreja.”
A Renovação Carismática foi chamada a existir pelo Espírito Santo para provocar e fazer a graça de um Pentecostes pessoal e contínuo com todas as suas maravilhosas consequências. O Grupo de Oração, por sua vez, deve ser o lugar apropriado, ideal, para que esta graça renovadora da vida cristã aconteça, desabroche, cresça e se torne fecunda.
Cada Grupo de Oração deve ter um coordenador que, junto com o núcleo de serviço, num trabalho conjunto, é responsável por ele. O coordenador deve ser um instrumento consciente de sua função, ser dócil, uma pessoa de intimidade com Deus, ungido, sábio, criativo, de intensa vida de oração e aberto à necessidade de constante formação. A qualidade do Grupo de oração está ligada diretamente à atuação do coordenador. O grupo tem a cara do coordenador. O grupo reflete como um espelho a sabedoria e a criatividade do coordenador. Coordenadores de vida de oração apática, não conscientes de suas funções e não bem formados não conseguem cumprir satisfatoriamente a missão de fazer acontecer e amadurecer a vida cristã no Espírito.
O caminhar sem formação compreende:
· Caminho que vai por si mesmo;
· Caminha sem disciplina, sem ascese, tudo se justifica;
· Não se prende a fórmulas, referências ou modelos;
· Leva a uma superficialidade e a satisfação própria;
· Há uma procura exagerada de experiências místicas;
· Cria uma prática fundamentalista, intimista, egoísta, iluminista;
· Prejudica o convívio comunitário, social, não sai de si mesmo;
· Não consegue acolher o diferente, não sai de si mesmo.
A caminhada espiritual com formação tem as seguintes características:
· Leva em consideração o carisma e a missão de cada um;
· Acolhe o diferente, complemento;
· Leva em consideração a missão e a identidade do Movimento;
· Considera o cristão e sua vocação em todos os aspectos;
· Zela pela disciplina;
· Aprofunda a própria vocação, purificando-a;
· Leva ao entrar em si mesmo para responder aos desafios do mundo;
· Leva a uma maior intimidade com Deus.
2.2 Formação do Coordenador
A formação do coordenador tem por finalidade levá-lo a caminhar segundo o Espírito de Deus, no seguimento de Jesus, e tomar consciência de sua missão na Igreja, no Grupo de Oração e no mundo, vivendo carismaticamente na busca do crescimento à estatura de Cristo. A formação cristã apresentada a seguir resume-se basicamente em dois aspectos: espiritual e doutrinário.
2.3 Formação espiritual
A formação espiritual acontece através da oração, da fuga ao pecado, de fazer a vontade de Deus e conduzidos pelo Espírito Santo.
2.3.1 Oração
O Senhor Jesus rezou e nos mandou "rezar sempre, sem jamais esmorecer" (Lc 18,1). Os místicos e os pregadores cristãos sempre insistiram na importância da oração. O coordenador precisa ter intimidade consigo mesmo e com Deus. Para conhecer a vontade de Deus precisa-se ter intimidade com Jesus. Faz-se necessário estreitar os laços de amizade com Ele, investir no conhecimento mútuo e aperfeiçoar o amor recíproco. Passar à condição de amigo, pois Ele mesmo nos diz: “já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor. Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo que quanto ouvi de meu Pai" (Jo 15,15). Nos momentos de intimidade, de oração falaremos com Jesus da nossa gratidão, exporemos ao Senhor as nossas próprias misérias e necessidades, pediremos perdão e suplicaremos auxílio. Devemos deixar a nossa alma ir ao encontro com Deus sem reservas, totalmente despojados do orgulho, na certeza de "se busca a alma a Deus, muito mais a busca o seu amado" (São João da Cruz). Da oração também faz parte a dimensão do louvor e do agradecimento. Nesse momento devemos bendizer a Deus, exaltando-o pelas maravilhas que tem feito em nós e no nosso meio. É tempo de contemplar a glória de Deus.
A oração de louvor é ainda uma oração libertadora, que descerra as portas do céu e arrebenta os grilhões que nos afligem. “O louvor é despertado pela contemplação da bondade, da verdade, da beleza, da perfeição de Deus" Sigamos o conselho de Santo Agostinho: “Louva e bendiz ao Senhor todos e em cada um de teus dias para que quando venha esse dia sem fim possas passar de um louvor a outro sem esforço”. Na oração muitas vezes travamos uma luta, um combate espiritual (cf. Rm 15,30) que deve ser vencido na perseverança e no amor. Usar os carismas durante a oração: oração em línguas, profecia, discernimento, palavra de ciência etc....
2.3.2 Pecado
Devemos ter consciência da nossa natureza pecadora, pois “se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se reconhecemos os nossos pecados, (Deus aí está), fiel e justo para nos perdoar os pecados e para nos purificar de toda iniquidade” (1 Jo 1,8-9). O pior inimigo do coordenador é o pecado. Uma situação de pecado permanente é capaz de desprestigiar seu ministério. "Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém. Tudo me é permitido, mas eu não me deixarei dominar por coisa alguma" (1 Cor 6,12). O pecado nos impede de correr. Quando temos um pecado permanente, ficamos como que caminhando com muito peso, como se tivéssemos uma pedra no sapato. E necessário evitar o pecado com todas as forças. Estar atento para não cair nas ciladas do inimigo e se deixar aprisionar. "Todos os atletas se impelem a si muitas privações; e o fazem para alcançarem uma coroa corruptível. Nós o fazemos por uma coroa incorruptível. Assim, eu corro, mas não sem rumo certo. Dou golpes, mas não no ar. Ao contrário, castigo o meu corpo e o mantenho em servidão, de medo de vir eu mesmo a ser excluído depois de eu ter pregado aos outros" (1 Cor 9,25). Lembrai das palavras de São Pedro "sede sóbrios e vigiai. Vosso adversário, o demônio, anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar. Resisti-lhe fortes na fé" (1 Pe 5,8-9a).
2.3.3 Viver na vontade de Deus
O que Jesus deseja, o que O satisfaz é unicamente cumprir a vontade do Pai que é o seu alimento assim como nos relata São João: "... entretanto, os discípulos lhe pediam: Mestre come. Mas ele lhes disse: Tenho um alimento para comer, que vós não conheceis. Os discípulos perguntavam uns aos outros: Alguém lhe teria trazido de comer? Disse-lhes Jesus: Meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e cumprir a sua obra" (Jo 4, 32-34).
2.3.4 Conduzidos pelo Espírito
Quando o coordenador se deixa guiar pelo Espírito, orienta-se perfeitamente para Deus. O Espírito vem em auxílio de nossa fraqueza (cf. Rom 8,26), nos dá força e coragem para sermos testemunhas fiéis (cf. At. 1,8), nos liberta e nos dá a vida nova (cf. Rom 8,14-16), nos ensina (cf. Jo 14,26).

sábado, 8 de setembro de 2012

Comer a Palavra de Deus

 
“Quando eu encontrava as Tuas palavras, eu as devorava. Elas se tornaram a minha alegria e a felicidade do meu coração, porque Teu nome era invocado sobre mim, Senhor, Deus dos exércitos (Jr 15,16).”
Muitos de nós achamos difícil ler a Sagrada Escritura, mas o Senhor Jesus quer que nós a comamos, até consumi-la, ou seja, que a devoremos, mesmo. “Nem só de pão o homem viverá, mas de toda palavra que sai da boca de Deus (Mt 4,4)”. Sua palavra é como o mel dos favos (S1 19,11): é doce ao primeiro contato, embora possa vir a se tornar amarga, por causa da perseguição (Ap 10,9-10). No entanto, a palavra de Deus ainda é a nossa maior alegria e felicidade, porque leva o Seu nome (Jr 15,16).
Se a palavra de Deus não for tão importante para nós, provavelmente será porque não temos um relacionamento profundo e pessoal com Ele. Se não passarmos o tempo lendo a Bíblia, então, como poderemos ter o Seu nome? Porque “a ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo” (Catecismo, 133). Você já leu algum artigo sobre alguém que você conheceu pessoalmente? Provavelmente você o devorou com um entusiasmo maior do que outros artigos sobre pessoas desconhecidas. E o interesse seria ainda maior, caso você conhecesse o autor. Se você tem um relacionamento pessoal com o autor da Bíblia: Deus – o Pai – e se você conhece o Verbo feito carne – Jesus – então você vai ler, estudar, comer e devorar a palavra de Deus, na Bíblia. Delicie-se com a palavra do Senhor e medite nela dia e noite (S1 1,2). Disse Jesus: “Vós perscrutais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; ora, são elas que dão testemunho de mim” (Jo 5, 39).Jesus Cristo é o centro, e o fim das Santas Escrituras. Ele é a Palavra de Deus (Ap 19,13). Conhecer Jesus é estudar a Sagrada Escritura. Quem estuda a Bíblia vive a obediência do Reino de Deus.
 
A PALAVRA DE DEUS Um dos documentos mais renovadores do Concílio Vaticano II é a Constituição Dogmática Dei Verbum (Sobre a Palavra de Deus). Era, sem dúvida, necessário que, de uma vez por todas, a Igreja dissesse uma palavra autorizada e firme quanto à sua missão de propor a genuína doutrina sobre a Revelação divina e a sua transmissão para o mundo inteiro. A Dei Verbum foi aprovada no dia 18 de Novembro de 1965. Dei Verbum significa “O Verbo de Deus”, ou melhor, “A Palavra de Deus”. É “Constituição dogmática” por conter “assuntos ou matéria de fé”, pois trata da revelação Divina, da Inspiração Divina, do Antigo e do Novo Testamento e da relação entre as Sagradas Escrituras, a Tradição e o Magistério da Igreja. A Sagrada Escritura é a Palavra de Deus, escrita por inspiração do Espírito Santo; a Sagrada Tradição, por sua vez, transmite integralmente aos sucessores dos Apóstolos a Palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito de verdade, a conservem, a exponham e a difundam fielmente na sua pregação. Por tanto, a Igreja não tira só da Sagrada Escritura a sua certeza a respeito de todas as coisas reveladas, mas também da Sagrada Tradição.
A Sagrada Escritura na vida da Igreja: a Igreja venera as Sagradas Escrituras; sobre as traduções da Sagrada Escritura; a investigação bíblica; a importância da Sagrada Escritura para a Teologia; a leitura da Sagrada Escritura; a influência e importância da renovação dos estudos sobre a Sagrada Escritura. (DV, cap. 6). Viver bem é viver o comendo a Palavra de Deus. A leitura mais importante na face da terra é a da Sagrada Escritura. Ler a Bíblia é se alimentar para vida eterna.

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por Pe. Inácio José do Vale, Professor de História da Igreja - Faculdade de Teologia de Volta Redonda
Católicos na Rede

Qual o segredo da vida de Maria?

Hoje, a liturgia celebra a Natividade de Nossa Senhora, ou seja, o aniversário de Maria. Só alguns santos, pela participação singular na história da salvação, têm celebração da memória do dia do nascimento e do dia da morte. João Batista e Nossa Senhora se unem a Jesus, o Senhor, nesta particularidade.
Este é o dia em que Deus começa a pôr em prática o Seu plano eterno, pois era necessário que se construísse a casa, antes que o Rei descesse para habitá-la. Esta “casa”, que é Maria, foi construída com sete colunas, ou seja, os dons do Espírito Santo. Conta-nos a tradição que os pais de Nossa Senhora – Joaquim e Ana – já eram velhos e não tinham filhos; visitados por Deus em sua honestidade e fidelidade ao Senhor, Ana ficou grávida de Maria, a qual, ao nascer, logo cedo foi apresentada no Templo e consagrada ao Senhor. Maria é escolhida por Ele desde o ventre de sua mãe, tornando-a Imaculada, sem a mancha do pecado original em vista da missão que ela teria: ser a Mãe do Salvador.
José, Filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo” (cf. Lc 1, 20). Este é o segredo da vida de Maria; desde seu nascimento, sua vocação era caminhar com seu Filho até a cruz e também no nascimento da Igreja em Pentecostes. O segredo da vida de Nossa Senhora é ser conduzida pelo Espírito Santo. Maria nada fez sem a ação do Espírito de Deus, por isso, Ele é a “cheia de graça”.
Era esposa e mãe, educadora, dona de casa guiada, conduzida pela ação de Deus. Dócil e obediente, ao mesmo tempo em que educava e ensinava, era submissa a Jesus e Sua missão: “Fazei tudo que Ele vos disser”, disse Maria, nas Bodas de Caná, àqueles que serviam (cf. Jo 2, 5).
Celebrar o aniversário da Mãe de Jesus é celebrar sua participação na história da salvação, sua vocação e o mistério da escolha de Deus sobre a humanidade. O desígnio salvífico de Deus passa pelo ‘sim’ de cada pessoa, de cada filho e filha. O Senhor nos criou sem nós, mas ‘não pode’ nos salvar sem a nossa participação. Isso fala de amor, de liberdade. Cabe a nós – como à Virgem Maria – ser, cada vez mais, dóceis e abertos à ação do Espírito Santo de Deus, porque tamanha foi a fecundidade de Nossa Senhora que gerou o Salvador do mundo. Por meio dela “Deus está conosco”.
Nela, tudo foi feito pelo Espírito Santo! Em você, o Espírito de Deus encontra lugar para agir e conduzir sua vida à vontade do Senhor para o bem de todos?
Oração: Oh, Maria Santíssima, eleita e destinada ao eterno pela augustíssima Trindade para mãe do Unigênito Filho do Pai, anunciada pelos profetas, esperada dos patriarcas e desejada de todas as gentes, sacrário e templo vivo do Espírito Santo, sol sem mancha, porque fostes concebida sem pecado original, senhora do Céu e da Terra, rainha dos céus e dos anjos! Nós, humildemente prostrados, vos veneramos e nos alegramos da solene comemoração anual de vosso felicíssimo nascimento. E do mais íntimo de nosso coração vos suplicamos que vos digneis, benigna, vir a nascer, espiritualmente, em nossas almas para que, cativadas estas por vossa amabilidade e doçura, vivam sempre unidas ao vosso dulcíssimo e amabilíssimo Coração. Amém!
 
 

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Eu e minha casa serviremos ao Senhor


Por Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém/PA
Assessor Eclesiástico da RCCBRASIL
A frase é de uma das maiores personalidades do século XX, Mahatma Gandhi, que conduziu seu país, a Índia, assim como muitos outros, a encontrarem o caminho da independência e da democracia, através da não violência ativa: “Quem não vive para servir, não serve para viver”. Viver para servir! Proposta desafiadora, fonte de realização para todos os seres humanos, caminho de felicidade. Parece-nos encontrar aí uma das muitas Sementes do Verbo de Deus plantadas na sabedoria e na prática religiosa da humanidade, pois a própria Palavra Eterna do Pai encarnada, Jesus Cristo, mostrou a que veio, abrindo perspectivas novas para seus discípulos e para toda a humanidade: "Eu vim não para ser servido, mas para servir e dar a vida por resgate de muitos" (Mc 10,45). Jesus Cristo veio ao mundo para fazer a vontade do Pai, para servir.
O Antigo Testamento reporta a história de Josué, a quem foi dada a tarefa de introduzir o Povo de Deus na Terra prometida. Como havia acontecido na chamada Assembleia do Sinai, quando Moisés, em nome de Deus, pediu ao povo, conhecido pela sua cabeça dura, a definição de rumos, diante da Aliança estabelecida, também em Siquém se reúnem todas as tribos de Israel (Js 24,1-18). A escolha de Josué, em nome de toda a sua família, é muito clara: “Eu e minha casa serviremos ao Senhor”! Nas diversas etapas da história da Salvação, retorna a provocação positiva que toca no mais profundo da liberdade humana. Trata-se de escolher o serviço a Deus, optar pela fidelidade à sua Palavra, cumprir seus mandamentos, assumir a missão confiada àquele povo escolhido. A resposta do povo de Deus a Josué é decidida: “Nós também serviremos ao Senhor, porque ele é o nosso Deus” (Js 24,18). Durante os séculos que se seguiram, continuamente o Senhor enviou emissários que o chamaram de novo à fidelidade!
Veio Jesus, chamou discípulos, começou uma nova forma de viver, do meio deles escolhe apóstolos, cria relacionamento diferente, acolhe crianças, chama justos e pecadores, derruba barreiras culturais e religiosas, abre a estrada da fraternidade. Também o Senhor, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, entra no maravilhoso jogo de provocação à liberdade humana. Depois das primeiras etapas da pregação do Reino e da constituição de uma nova comunidade de irmãos, os chamados evangelhos sinóticos pede aos discípulos uma definição: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (Cf. Mt 16,13-20; Mc 8,27-30; Lc 9,18-21). Já o Evangelho de São João, no texto que a Igreja proclama no vigésimo primeiro Domingo do Tempo Comum (Jo 6,60-69), traz uma pergunta altamente provocante, após a multiplicação de Pães e o Discurso de Jesus sobre o Pão da Vida: “Vós também quereis ir embora?” Vem de Pedro a resposta que continua a ressoar pelos séculos: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o santo de Deus!” Os discípulos aprenderam a seguir Jesus, a partir da fé professada naquele que é o Santo de Deus, Messias, Cristo, Filho de Deus. A Igreja não se cansará de proclamar a mesma fé em Jesus Cristo, até o fim dos tempos.
Após a Ressurreição e Ascensão de Cristo e o Pentecostes, foi chamado aquele que, perseguidor implacável, veio a ser Apóstolo das gentes. É o próprio Paulo que conta, numa das narrativas de sua conversão, a pergunta que brota no coração de todas as pessoas que se encontram com Jesus Cristo: “Senhor, que queres que eu faça?” (At 22,10) A graça do apostolado continua a se multiplicar na Igreja. Quantas pessoas são chamadas a servir ao Senhor no anúncio da Boa Nova da Salvação, nos ministérios e serviços existentes nas Comunidades Cristãs! Que profusão de carismas suscitados pelo Espírito no coração da Igreja, através dos quais as palavras do Evangelho são postas em prática e “lidas” nas inúmeras obras de caridade e de serviço existentes em toda parte! E como não reconhecer a beleza do serviço prestado por homens e mulheres, adultos e jovens, que desempenham a missão de catequistas em nossas Paróquias?
São todas pessoas que experimentaram a graça do seguimento de Jesus e não podem se calar. São leigos e leigas que nos serviços internos da Igreja, nas inúmeras frentes de trabalho apostólico e na caridade, podem dizer com o Apóstolo São Paulo: “Anunciar o evangelho não é para mim motivo de glória. É antes uma necessidade que se me impõe. Ai de mim, se eu não anunciar o evangelho!” (1 Cor 9,16). Por isso fixam os seus corações onde se encontram as verdadeiras alegrias. Com todas estas pessoas, agradecemos a Deus pelo mês dedicado às vocações. Em sua conclusão, temos o direito e o dever de acolher as novas e muitas vocações para o serviço ao Senhor e à sua Igreja.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Grupo de Oração: O Carisma da Coordenação

“não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constituí para que vades e produzais frutos, e o vosso fruto permaneça.”(Jo 15,16)
O objetivo deste ensino é orientar aqueles que assumem uma coordenação sobre a importância de compreender a cooperação entre a graça e a natureza no ministério de coordenação, e tratar de algumas funções práticas pertinentes ao coordenador.
1-    MINISTÉRIO DA COORDENAÇÃO
Coordenação vem da palavra latina cordinatione que significa: “ dispor sobre a certa ordem ou método, organizar o conjunto, pôr em ordem e desconjunto”. É uma “co-operação”, uma ação de co-responsabilidade entre iguais. A coordenação promove união de esforços, de objetivos comuns e de atividades comunitárias, evitando paralelismo, o isolamento na ação evangelizadora. A coordenação tem por finalidade criar relações, facilitar a participação, comprometer na co-responsabilidade, realizar a interação e tornar eficaz o conjunto da caminhada do Movimento. São se trata de um ministério de privilégios, mas de serviços práticos, objetivos. A função de coordenar, a princípio, é uma capacidade humana, um talento que pode ser buscado, desenvolvido, aperfeiçoado. O líder será capaz de coordenar de modo louvável determinado grupo de pessoas, conseguindo alcançar os reais objetivos pretendidos. Existem técnicas e métodos avançados que ensinam de forma eficaz como uma pessoa pode transformar-se em um grande coordenador ou líder. Mas quando se trata de uma ação evangelizadora, é preciso recordar-se que “as técnicas da evangelização são boas, obviamente, mas ainda as mais aperfeiçoadas não poderiam substituir a ação discreta do Espírito Santo. A preparação mais apurada do evangelizador nada poderia fazer sem ele. De igual modo, a dialética mais convincente, sem ele, permanece impotente em relação ao espírito dos homens. E ,ainda, o mais bem elaborados esquemas de  base sociológica e psicológica, sem ele, em breve se demonstram desprovidos de valor” (Paulo VI, Evangelii Nuntiandi, n. 75). O próprio princípio de Deus, na escolha daqueles que iam dirigir o seu povo, não obedece a critérios humanos. 
• I Cor 1, 26-31
Isto não descarta, obviamente, a colaboração do homem, isto é, o empenho em desenvolver ou aprimorar as suas potencialidades humanas. Porém, diante da realidade espiritual que é um Ministério de Coordenação, não se pode contar apenas com a capacitação humana. Coordenador (conceito eclesial): pessoa cheia do Espírito Santo e conduzida por Ele, eleita por Deus, mediante confirmação da comunidade, para conduzir uma parcela do povo de Deus, empregando métodos de coordenação segundo  carisma do amor.   A missão do coordenador é antes de tudo “divina, por isso para realizá-lo deve estar unidos  a Jesus (Jo 15,1-8) e conduzida pelo Espírito Santo.”
2 -  O CARISMA DA COORDENAÇÃO
O Senhor disse a Moisés: “Tens todo o meu favor” e “minha face irá contigo, e serei teu guia” (cf. EX 33, 12; 14). Podemos entender o carisma como sendo o “favor” ou  “auxílio” dado por Deus para o vocacionado. Sem o carisma, ficamos impossibilitados de responder à essa vocação. Ele é o “auxílio a nossa fraqueza” (Rm 8, 26) sem o qual nossas razões tornam-se vazias e infrutíferas. O carisma é o alicerce para o exercício do ministério. A graça em ação = chárisma, que pressupõe a natureza, conforme Santo Agostinho. Trata-se de uma complementaridade entre divino e humano, em vista da missão. “O carisma da coordenação se manifesta nas ações administrativas realizadas pelos coordenadores. No âmbito do nosso Movimento, ações administrativas são, especialmente: planejamento, organização, direção e pastoreio”.
3 FUNÇÕES DO COORDENADOR
a) Evangelizar
MC 16,15 – “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda a criatura”. Conceito de evangelizar = vem de Evangelho: Boa Notícia = evangelizar é anunciar uma Boa Notícia (Is 9,1-6;  Lc 24, 1-43). Podemos definir três espécies de evangelização: 
1.Sacerdotal – Palavra celebrada;
2.Régia – Palavra vivida – testemunho (instauração do Reino de Deus no mundo);
3.Profética – Palavra proclamada.
Lembramos que todo o batizado tem as unções sacerdotal, régia e profética.
Evangelizar é a principal função do coordenador. Tudo na coordenação, planejamentos, propostas, projetos, eventos devem ser orientados para a evangelização.
b) Administrar
Latim ad (direção, obediência) e minister (subordinação) = aquele que realiza uma função abaixo do comando de outrem, isto é, aquele que presta serviço a outrem.
Administrar significa ainda o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso de recursos a fim de alcançar objetivos.
Elementos da administração:
•Planejamento;
•Organização;
•Direção;
•Execução;
•Controle;
•Avaliação
c) Pastorear
Jo 10,11: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas”.
•Busca os irmãos transviados;
•Reanima os desanimados;
•Conduz o rebanho;
•Ouve, ama, orienta, ora;
•Supervisiona os planejamentos e tarefas
d) Liderar
Jo 11,16: “A isso Tomé, chamado Dídimo, disse aos seus condiscípulos: ‘Vamos também nós, para morrermos com ele’”.
•Precede os irmãos na caminhada, primeiro na santidade, no amor, no perdão e no serviço.
•Dá sempre o primeiro passo.
•Não tem subordinados. Ele não dá ordens, mas todos fazem o que ele deseja.
•Transmite segurança, confiança.
•Transmite senso de justiça.
•Sabe que não deve fazer tudo sozinho.
e) Formar
Lc 11,1-11: “instruções aos discípulos”
•Com exemplo, testemunho de vida;
•Valoriza e promove meios para o crescimento espiritual e humano dos membros do grupo;
•Encaminha os servos do grupo para os encontros específicos de formação de cada ministério;
•Forma novos líderes.
NEEMIAS
Neemias foi um líder da época do pós-exílio que soube planejar, organizar, motivar e exercer liderança sobre quem vivia em Jerusalém e nas redondezas da cidade. Ele serve como um modelo de coordenador que assume a pratica a liderança com responsabilidade e praticidade. A partir das situações vividas soube:
•Equilibrar o planejamento prático com a confiança em Deus;
•Conviver com as críticas não merecidas;
•Resolver conflitos de personalidade e dificuldades no relacionamento humano;
•Enfrentar sérias pressões financeiras;
•Lidar com líderes antigos e algumas vezes machucados.

"A verdade é a verdade e não tolera interesses pessoais"

Catequese de Bento XVI na audiência geral desta manhã
CASTEL GANDOLFO, quarta-feira, 29 de agosto de 2012 (ZENIT.org) – Reproduzimos a seguir as palavras do Santo Padre na catequese desta manhã.
Caros irmãos e irmãs,
Nesta última quarta-feira de agosto, celebramos a memória litúrgica do martírio de São João Batista, o precursor de Jesus. No calendário romano, ele é o único santo de quem se recorda o nascimento, em 24 de junho, e também a morte, ocorrida por meio do martírio.
É uma memória que remonta à dedicação de uma cripta de Sebaste, na Samaria, onde, já em meados do século IV, era venerada a sua cabeça. O culto se espalhou para Jerusalém, para as Igrejas do Oriente e para Roma, com o título de Decapitação de São João Batista.
O Martirológio Romano faz referência a uma segunda descoberta da preciosa relíquia, transportada, na ocasião, até a igreja de São Silvestre em Campo Marzio, Roma.
Essas pequenas referências históricas nos ajudam a entender o quanto é antiga e profunda a veneração de João Batista. Os evangelhos destacam muito bem o seu papel em relação a Jesus. Em particular, São Lucas narra o seu nascimento, a vida no deserto, a pregação, e São Marcos nos fala da sua morte trágica, no evangelho de hoje.
João Batista inicia a sua pregação sob o imperador Tibério, em 27-28 d.C., e o claro convite que ele faz às pessoas que se reúnem para ouvi-lo é o de prepararem o caminho para acolher o Senhor, para endireitar as tortuosas estradas da vida através de uma mudança radical do coração (cf. Lc 3, 4).
O Batista não se limita, porém, a pregar a penitência e a conversão. Reconhecendo Jesus como o "Cordeiro de Deus" que veio tirar o pecado do mundo (Jo 1, 29), ele tem a profunda humildade de mostrar em Jesus o verdadeiro Enviado de Deus, afastando-se para que Cristo cresça e seja ouvido e seguido. O Batista testemunha com o sangue a sua fidelidade aos mandamentos de Deus, sem ceder nem retroceder, cumprindo até o fim a sua missão.
São Beda, monge do século IX, assim o diz nas suas Homilias: São João, por Cristo, deu a vida, embora não tenha sido obrigado a negar a Cristo, mas apenas a calar a verdade. E ele não calou a verdade e assim morreu por Cristo, que é a Verdade. Precisamente por amor da verdade, ele não se comprometeu com os seus próprios interesses e não teve medo de bradar palavras fortes àqueles que tinham se perdido da estrada de Deus.
Vemos agora esta grande figura, esta força na paixão, na resistência contra os poderosos. Perguntemos: de onde nasce esta vida, esta interioridade tão forte, tão reta, tão coerente, desgastada tão completamente por Deus para preparar o caminho para Jesus?
A resposta é simples: da relação com Deus, da oração, que é o fio condutor de toda a sua existência. João é o dom de Deus por muito tempo invocado pelos seus pais, Zacarias e Isabel (cf. Lc 1:13); um grande dom, humanamente inesperável, porque ambos eram avançados em anos e Isabel era estéril (cf. Lc 1:7); mas nada é impossível para Deus (cf. Lucas 1:36).
O anúncio deste nascimento ocorre no próprio lugar da oração, no templo de Jerusalém, e justamente quando cabe a Zacarias o grande privilégio de adentrar no lugar mais sagrado do templo para queimar incenso ao Senhor (cf. Lc 1, 8-20). O nascimento de João Batista é marcado pela oração: o cântico de louvor, de alegria e de ação de graças, que Zacarias eleva ao Senhor e que recitamos todas as manhãs nas laudes, o Benedictus, exalta a ação de Deus na história e mostra profeticamente a missão do seu filho João: preceder o Filho de Deus feito carne a fim de preparar os seus caminhos (cf. Lc 1,67-79).
Toda a existência do Precursor de Jesus é alimentada por um relacionamento com Deus, especialmente no tempo transcorrido no deserto (cf. Lc 1,80). As regiões desertas são o lugar da tentação, mas também o lugar onde o homem sente a própria pobreza, pela falta de apoios e de seguranças materiais. Ali ele entende que o único ponto de referência sólido é o próprio Deus. João Batista não é, porém, apenas homem de oração e de contato constante com Deus, mas também um guia para esta relação. O evangelista Lucas, transcrevendo a oração que Jesus ensinou aos seus discípulos, o pai-nosso, observa que o pedido é feito pelos discípulos com estas palavras: "Senhor, ensina-nos a orar, assim como João ensinou aos seus discípulos" (cf. Lc 11, 1).
Queridos irmãos e irmãs, o martírio de São João Batista recorda a todos nós, cristãos de hoje, que não podemos comprometer o amor de Cristo, a sua Palavra, a Verdade. A Verdade é a Verdade, não tolera compromissos com interesses particulares. A vida cristã exige, por assim dizer, o "martírio" da fidelidade diária ao evangelho, que é a coragem de deixar que Cristo cresça em nós e direcione o nosso pensamento e as nossas ações.
Mas isto só pode acontecer em nossa vida se for sólido o nosso relacionamento com Deus. A oração não é um desperdício de tempo, não é roubar espaço de outras atividades, nem mesmo das atividades apostólicas. É exatamente o contrário: somente se formos capazes de ter uma vida de oração fiel, constante, confiante, o próprio Deus nos dará a força e a capacidade para vivermos felizes e em paz, para superarmos as dificuldades e testemunhá-lo com coragem.
São João Batista interceda por nós, para que possamos manter sempre a primazia de Deus na nossa vida. Obrigado.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

FORMANDO AS OVELHAS



FORMANDO AS OVELHAS

Entre os dias 25 e 26 de agosto, a RCC Ceará realizou o Encontro Regional de Formação para Ministérios na cidade de Iguatu. Todos os coordenadores de cidade, ministérios e suas representações diocesanas de Quixadá, Crato, Limoeiro e Iguatu foram convocados a participar do evento que contou com a animação do Ministério Diocesano de Crato e a motivadora presença do Conselho Estadual.

O objetivo central desse encontro era a disseminação do tema deste ano (Apascenta
as minhas Ovelhas), do Projeto Semanas Missionárias e também a execução de workshops para os ministérios de Comunicação Social, Crianças, Cura e Aconselhamento, Formação, Intercessão, Jovens, Música e Artes, Pregação, Promoção Humana e Universidades Renovadas, que puderam receber uma formação direcionada às suas realidades específicas de trabalho.

“O projeto semanas missionárias não é simplesmente uma moção da RCC, mas é o nosso movimento eclesial ouvindo e atendendo aquilo que o espírito está falando à igreja”, explica o responsável pela difusão do Projeto Semanas Missionárias no estado do Ceará, Mário Roberto de Camocim.

O grande diferencial deste encontro deu-se na noite do sábado após a santa missa na Matriz de Senhora Sant’Ana, quando os encontristas, revestidos do ardor missionário, saíram de dois em dois pela praça anunciando querigmaticamente a salvação e chamando as ovelhas para o aprisco, de volta para a igreja, onde aconteceu o grande momento do Incendeia.

Quem esteve presente nesses dois dias de encontro pode testemunhar a abundância de graças que nele foram derramadas. Houve curas, libertações, moções proféticas e exortações em meio a momentos de formação, pregação, oração, louvor, adoração e eucaristia.

Por sobre todas essas promessas que o Senhor fez encerramos aqui com a convocação do Presidente do Conselho Estadual, James Apolinário: “Os pastores de ovelhas apascentam rebanhos que não são deles. A tua missão hoje precisa ser um alimento de vida para aqueles que estão se perdendo na morte. [...] Eu peço que vocês deem passos firmes na missão de apascentar.”

Pâmela Teixeira Vieira
Secretária do Ministério de Comunicação João Paulo II

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Grupo de Oração, Tesouro de Deus

Para que reconstruamos as muralhas, é preciso estar unidos e com sólida formação. Por isso, essa edição do Boletim Informativo “Grupo de Oração, eu participo!” traz até você um ensino que trata exatamente sobre o elemento fundamental do nosso Movimento: o Grupo de Oração.
Com essa iniciativa, queremos ficar mais perto de você, proporcionando subsídios para que você cumpra, de forma cada vez mais eficaz, a missão que o Senhor lhe confiou. Leia, reze e partilhe com os servos do seu Grupo!
“Ajuntai para vós tesouros no céu, onde não os consomem nem as traças nem a ferrugem, e os ladrões não furtam nem roubam. Porque onde está o teu tesouro, lá também está teu coração” (Mateus 6, 20-21).

1 INTRODUÇÃO
O Grupo de Oração, GO, é a célula fundamental da Renovação Carismática Católica. É a Renovação em movimento a cada dia, a cada semana, acontecendo nas diversas paróquias e comunidades do nosso país e do mundo. É um grupo de pessoas que por um desígnio de Deus, ao entrarem pela primeira vez em um GO[1] tiveram suas vidas tocadas pela bondade infinita do Senhor e foram chamadas a viver uma vida nova. Vida nova que só é possível ser vivida no Espírito Santo, como diz São Paulo a Tito, no capítulo 3, 5-7: “E, não por causa das obras de justiça que tivéssemos praticado, mas unicamente em virtude de sua misericórdia, ELE nos salvou mediante o batismo da regeneração e renovação, pelo Espírito Santo, que nos foi concedido em profusão, por meio de Cristo, nosso Salvador, para que a justificação obtida por sua graça nos torne em esperança herdeiros da vida eterna”.
Portanto o GO é uma porta aberta para uma descoberta ou redescoberta de que somos herdeiros de uma graça especial que em Jesus, pelo poder de seu Espírito Santo, transforma não só a nossa realidade, mas tudo o que está à nossa volta.
2 DESENVOLVIMENTO
O Grupo de Oração é um meio que nos possibilita descobrir o desejo de Deus, que nos dá a condição de chegarmos aos tesouros do céu, que só podem ser alcançados se optarmos por mergulhar no coração de Deus que vai, nos revelando a cada semana, a cada Grupo, todo o Seu plano para cada um de nós, e que vai ajustando a batida do nosso coração ao Seu próprio coração para assim sermos um, como ele e Jesus o são e a nossa alegria então ser completa e verdadeira. E é o Espírito que nos une num só corpo, o Corpo de Cristo. É o Espírito quem ao nos dar testemunho de Jesus, que é a Revelação Definitiva do Pai, nos converte em testemunhas do Cristo ressuscitado até os confins da terra.
Por esta razão dizemos que o criador e a alma do Grupo de Oração é sempre o “Espírito de Deus”. O que nos leva a concluir que o desejo de reunir-se em Grupos de Oração não brotou do coração dos homens, mas sim do próprio Senhor. Foi Ele quem tomou a iniciativa de congregar a sua Igreja nessas pequenas comunidades. Só Ele pode reunir o seu povo em oração, como sempre o fez ao longo da história da salvação, e o faz agora.
2.1     OBJETIVOS DO GRUPO DE ORAÇÃO
a) Batismo no Espírito Santo – um Pentecostes hoje
A RCC surgiu do desejo e da esperança de que o Senhor realizasse em nossos dias, em vista da renovação profunda de sua Igreja, o que sucedeu no primeiro Pentecostes.
A Igreja necessita, como disse o Papa João XXIII, de “algo como um novo Pentecostes”. Em palavras do Papa Paulo VI: de seu “Pentecostes perene”. O Papa João Paulo II também expressou a necessidade de “um novo Pentecostes” para o mundo nos umbrais do século XXI. O nosso atual Papa, Bento XVI, disse em 15 de maio de 2005, ao tomar posse da cátedra de Bispo de Roma, em São João de Latrão que sem o Espírito Santo, a Igreja ficaria reduzida a uma organização meramente humana, sob o peso de suas próprias estruturas. Disse também que Cristo, que constituiu sua igreja sobre o fundamento dos apóstolos unidos ao redor de Pedro, enriqueceu-a com o dom de seu Espírito, pra que através dos séculos, console-a (cf. João 14,16) e a guie para a verdade completa (cf. João 16,13). O documento de Aparecida corrobora também dizendo no número 362: “Esperamos num novo Pentecostes...”
Então se o surgimento da RCC está baseado neste desejo e esperança da Igreja, podemos dizer que o Grupo de Oração só acontece efetivamente se os seus participantes experimentam da graça da efusão ou batismo no Espírito Santo. É missão do Grupo de Oração fazer com que as pessoas recebam o batismo no Espírito Santo e tenham suas vidas renovadas, resgatadas e guardem para sempre, no coração, a esperança da vida eterna, a alegria da salvação.
b) Levar os participantes do Grupo de Oração a conhecer o desejo de DEUS.
O Catecismo da Igreja Católica no número 27 diz que o desejo de Deus está inscrito no coração do homem, já que o homem é criado por Deus e para Deus; e Deus não cessa de atrair o homem a si, e somente em Deus o Homem há de encontrar a verdade e a felicidade que não cessa de procurar. E no número 50: “Por uma decisão totalmente livre, Deus se revela e se doa ao homem. E o faz revelando seu mistério, seu projeto benevolente, que concebeu desde toda a eternidade em Cristo em prol de todos os homens. Revela plenamente seu projeto enviando seu Filho bem-amado, nosso Senhor Jesus Cristo, e o Espírito Santo”.
Quando conhecemos este desejo do nosso Criador, tudo muda. É a descoberta de que não estamos sós. De que há alguém que caminha em minha direção, e para quem eu sou precioso(a).
c)      Anunciar o amor infinito e incondicional de Deus
Isaias 43, 4: “Porque és precioso a meus olhos, porque eu te aprecio e te amo, permito reinos por ti”.
O Grupo de Oração leva os seus participantes a conhecerem o rosto de Deus. Rosto que deseja constantemente a nossa realização e a nossa felicidade. Fazemos a grande descoberta de que Deus é fiel e que reafirma o seu Amor mesmo constatando que fomos infiéis a ele. Ele nos ama com amor eterno com nossas qualidades ou defeitos. Descobrimos também que sua misericórdia é maior do que o nosso pecado, mas que ele deseja que sejamos melhor do que somos.
d) Conversão de vida
Uma vez batizados no E.S, nos tornamos em Cristo, filhos e filhas de Deus. E como tal, somos chamados a uma vida de santidade deixando definitivamente “nosso modo de vida anterior”, para agir de acordo com Aquele que acreditamos. Viver a conversão é viver como nossa Mãe Maria viveu: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38).
e) Resgatar almas para DEUS
Isaias 43, 3: “Pois eu sou o Senhor, teu Deus, O santo de Israel, teu Salvador. Dou o Egito por teu resgate, a Etiópia e Sabá em compensação”.
O Grupo de Oração, a partir da sua identidade deve trabalhar para que o homem, a família, a sociedade e as estruturas possam reconhecer que o Único capaz de vencer todas as trevas deste mundo é Jesus Cristo. Jesus é a promessa da redenção cumprida. Ele é a arca da salvação oferecida por Deus aos homens submersos no pecado. Seu nome quer dizer sua missão: Javé Salva Mt1,21. “Tu o chamarás com o nome de Jesus, pois ele salvará seu povo de seus pecados”.
f) Ter uma vida de louvor
O louvor é como que o clima e a atmosfera na qual se desenvolve a reunião de oração, desde o principio até o fim, pois o Espírito Santo é um Espírito de louvor. O louvor é uma oração poderosa, libertadora que gera alegria, paz e esperança. O louvor é uma arma para combatermos o inimigo de Deus, porque quando louvamos a Deus com os nossos lábios, em espírito e verdade, quando o louvamos nas tribulações e também nas alegrias, estamos proclamando que Jesus é o Senhor de nossas vidas, não permitindo que nada ou ninguém ocupe o seu lugar. Desta forma fechamos todas as possibilidades para qualquer investida do mal em nossas vidas e em nosso Grupo de Oração. A prática do louvor no GO gera milagres e prodígios na vida de todos.
g) Propagar a alegria
Somos tão importantes para Deus, que nossa presença, ou o nosso regresso a sua casa, é motivo de alegria e festa. O primeiro a se alegrar é o próprio Senhor:
(Sof 3,17) “O senhor teu Deus está no meio de ti... Ele anda em transportes de alegria por causa de ti... Ele exulta de alegria a teu respeito, como num dia de festa”.
Se o Senhor está contente com a nossa presença, também nós manifestamos alegria por estarmos com ele. Não é uma alegria passageira. É a alegria da descoberta do amor de Deus por nós que se transforma num amor apaixonado por Ele e pelos irmãos.
h) Propagar a PAZ
O Grupo de Oração nos ensina que a paz é um sinal tangível da presença de Cristo, que não só nos dá paz, como Ele mesmo é nossa paz (Ef 2, 14).
Paz que é a certeza de que se Ele está conosco, ninguém pode estar contra nós. Certeza de que nada nos separará do seu amor.
i) Propagar a Unidade
Unidade para além de mágoas, medos... E cálculos.
Quando experimentamos pelo BES[2] que verdadeiramente fomos e somos amados gratuitamente, inevitavelmente nos tornamos generosos para com Deus e para com o próximo.
São Francisco de Assis move até hoje muitos corações com o brado: “O amor não é amado”. Não amamos a Cristo; nos dividimos, quando supervalorizamos os bens materiais ,os valores transitórios, ou quando julgamos os irmãos.
Os primeiros discípulos punham tudo em comum, porque sabiam que a eles Cristo não se dera pela metade, mas todo, por inteiro!
j)   Motivar a necessidade da oração pessoal e comunitária
O Santo Padre o Papa Paulo VI disse que a oração espontânea e livre de cada um “ajuda, sustenta e alimenta a oração dos demais”.
Deus nos escuta sempre quando lhe falamos no intimo do coração, no grupo de oração ou na comunidade.
É pela vida de oração dos participantes do grupo de oração, que o mesmo se torna cada vez mais carismático, pois quem se coloca diante de Deus para se comunicar com Ele, ouvi-lo e por em prática a Sua vontade, é um canal aberto para que o Espírito Santo se manifeste, conduzindo sua realidade pessoal e comunitária. Viver a vida em oração é ser luz diante de todas as situações, em todos os momentos e em todos os lugares.
k) Motivar a freqüência aos sacramentos
Estamos em um constante processo de conversão. Não estamos prontos. Os sacramentos nos dão força, nos renovam, fortalecem a nossa fé, para vivermos as adversidades da nossa vida cotidiana. Principalmente os sacramentos da Reconciliação e da Eucaristia.
Os sacramentos da Igreja, diz o Catecismo, continuam hoje as obras que Cristo cumprira durante sua vida terrestre. Através da vida sacramental, o poder divino e salvador do filho de Deus salva o homem todo: alma e corpo.
l) Motivar o compromisso de vida com Deus e com os irmãos
O amor ao irmão é uma maneira concreta de mostrarmos o quanto amamos o nosso Amado: amando aquele a quem tanto Ele ama e por quem deu a sua própria vida. Como não dar a vida por aqueles por quem o Amado a deu? É vontade do Senhor que transbordemos este amor sobre aqueles que Ele ama e na RCC isto se faz realidade através do Pentecostes contínuo que acontece nos grupos de oração.
Deus nos chama a nos comprometermos com Ele e com os irmãos, para não fazermos como aquele homem da parábola dos talentos que perdeu até o pouco que tinha, por não usar os seus bens conforme a vontade de Deus. Ele nos chama a partilhar generosamente o nosso tempo, nossas descobertas, nossos talentos e toda a nossa vida sem medo, pois Ele é por nós.
CONCLUSÃO
Deus nos apresentou os vários tesouros, que Ele pelo seu Espírito Santo, nos deu a graça de conhecer e de até mesmo tocar. Tesouros que estão ao nosso dispor se verdadeiramente abrirmos o nosso coração para Ele, que primeiro abriu o Seu para nós, colocando-se numa cruz, de onde o sangue derramado garantiu definitivamente a nossa Salvação, e uma vida plena no seu Espírito Santo. Peçamos ao Espírito Santo que nos dê força para permanecermos firmes na Graça desta Salvação e que possamos distribuir e espalhar esses tesouros a todos aqueles que ainda não os descobriram, através de todos os Grupos de Oração do mundo inteiro.
Este texto foi extraído da apostila Grupo de Oração - Tesouro de Deus que faz parte dos materiais de formação produzidos pela Editora RCCBRASIL. Para adquirir essa apostila e outros basta você acessar www.editorarccbrasil.com.br ou ligar para 53 – 3227 0710.
[1] GO – Grupo de Oração
[2] BES – Batismo no Espírito Santo