quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Grupo de Oração: A Formação do Coordenador



1 Introdução
“Olha por ti e pela instrução dos outros. E persevera nestas coisas. Se isto fizeres, salvar-te-ás a ti mesmo e aos que te ouvirem” (1 Tim 4,16).

A formação é uma grande necessidade em nossos tempos. Tempos marcados pela pluralidade e diversidade de opções, caminhos, visões e onde os valores são relativos. Tempo em que a mídia quer desvalorizar a Igreja Católica e seus ensinamentos.A falta de compreensão dos objetivos da formação tem causado desvios que aparecem no serviço e principalmente nos momentos de crise.
O documento de Aparecida no nº 226c diz: “Junto a uma forte experiência religiosa e uma destacada convivência comunitária, nossos fiéis precisam aprofundar o conhecimento da Palavra de Deus e os conteúdos da fé, visto que esta é a única maneira de amadurecer sua experiência religiosa. Neste caminho, acentuadamente vivencial e comunitário, a formação doutrinal não se experimenta como conhecimento teórico e frio, mas como ferramenta fundamental e necessária no crescimento espiritual, pessoal e comunitário” (Grifo dos autores deste texto).
O mesmo documento, no número 276, nos ensina que qualquer que seja a função que desenvolvemos na Igreja, para sermos fiéis à vocação a qual fomos chamados, requer uma clara e decidida opção pela formação.A formação cristã é um processo que potencializa as qualidades do formando e o capacita para o serviço, é um processo contínuo de crescimento buscando levar todos a uma vida de santidade.

2.1 A formação na RCC
A Renovação Carismática Católica - RCC como movimento eclesial também é chamada à formação. É necessário transmitir o que temos aprendido na RCC. Somos chamados a ensinar a sã doutrina da fé e a identidade da RCC, pois a formação é garantia da vida e do vigor do movimento; a guardiã dos carismas. Os coordenadores dos Grupos de Oração devem ser os primeiros a buscarem a formação para que possam responder com qualidade à missão que foram chamados. Tem sido grande o número de reclamações dos coordenadores de ministérios sobre a posição adotada por muitos coordenadores, que além de não participarem das formações, não transmitem para os demais a programação de formação da RCC.
João Paulo II falando à liderança da RCC em 07 de maio de 1981 disse: “O papel do chefe consiste, principalmente, em dar exemplo de oração na própria vida. Com esperança fundada e solicitude cuidadosa, toca ao chefe assegurar que o multiforme patrimônio da vida de oração na Igreja seja conhecido e aplicado por aqueles que procuram renovação espiritual, meditação sobre a Palavra de Deus, uma vez que a ignorância da escritura é ignorância de Cristo (...) Deveis estar interessados em proporcionar comida sólida para a alimentação espiritual, partindo o pão da verdadeira doutrina (...) sejais ainda mais profundamente formados no ensinamento da Igreja.”
A Renovação Carismática foi chamada a existir pelo Espírito Santo para provocar e fazer a graça de um Pentecostes pessoal e contínuo com todas as suas maravilhosas consequências. O Grupo de Oração, por sua vez, deve ser o lugar apropriado, ideal, para que esta graça renovadora da vida cristã aconteça, desabroche, cresça e se torne fecunda.
Cada Grupo de Oração deve ter um coordenador que, junto com o núcleo de serviço, num trabalho conjunto, é responsável por ele. O coordenador deve ser um instrumento consciente de sua função, ser dócil, uma pessoa de intimidade com Deus, ungido, sábio, criativo, de intensa vida de oração e aberto à necessidade de constante formação. A qualidade do Grupo de oração está ligada diretamente à atuação do coordenador. O grupo tem a cara do coordenador. O grupo reflete como um espelho a sabedoria e a criatividade do coordenador. Coordenadores de vida de oração apática, não conscientes de suas funções e não bem formados não conseguem cumprir satisfatoriamente a missão de fazer acontecer e amadurecer a vida cristã no Espírito.
O caminhar sem formação compreende:
· Caminho que vai por si mesmo;
· Caminha sem disciplina, sem ascese, tudo se justifica;
· Não se prende a fórmulas, referências ou modelos;
· Leva a uma superficialidade e a satisfação própria;
· Há uma procura exagerada de experiências místicas;
· Cria uma prática fundamentalista, intimista, egoísta, iluminista;
· Prejudica o convívio comunitário, social, não sai de si mesmo;
· Não consegue acolher o diferente, não sai de si mesmo.
A caminhada espiritual com formação tem as seguintes características:
· Leva em consideração o carisma e a missão de cada um;
· Acolhe o diferente, complemento;
· Leva em consideração a missão e a identidade do Movimento;
· Considera o cristão e sua vocação em todos os aspectos;
· Zela pela disciplina;
· Aprofunda a própria vocação, purificando-a;
· Leva ao entrar em si mesmo para responder aos desafios do mundo;
· Leva a uma maior intimidade com Deus.
2.2 Formação do Coordenador
A formação do coordenador tem por finalidade levá-lo a caminhar segundo o Espírito de Deus, no seguimento de Jesus, e tomar consciência de sua missão na Igreja, no Grupo de Oração e no mundo, vivendo carismaticamente na busca do crescimento à estatura de Cristo. A formação cristã apresentada a seguir resume-se basicamente em dois aspectos: espiritual e doutrinário.
2.3 Formação espiritual
A formação espiritual acontece através da oração, da fuga ao pecado, de fazer a vontade de Deus e conduzidos pelo Espírito Santo.
2.3.1 Oração
O Senhor Jesus rezou e nos mandou "rezar sempre, sem jamais esmorecer" (Lc 18,1). Os místicos e os pregadores cristãos sempre insistiram na importância da oração. O coordenador precisa ter intimidade consigo mesmo e com Deus. Para conhecer a vontade de Deus precisa-se ter intimidade com Jesus. Faz-se necessário estreitar os laços de amizade com Ele, investir no conhecimento mútuo e aperfeiçoar o amor recíproco. Passar à condição de amigo, pois Ele mesmo nos diz: “já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor. Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo que quanto ouvi de meu Pai" (Jo 15,15). Nos momentos de intimidade, de oração falaremos com Jesus da nossa gratidão, exporemos ao Senhor as nossas próprias misérias e necessidades, pediremos perdão e suplicaremos auxílio. Devemos deixar a nossa alma ir ao encontro com Deus sem reservas, totalmente despojados do orgulho, na certeza de "se busca a alma a Deus, muito mais a busca o seu amado" (São João da Cruz). Da oração também faz parte a dimensão do louvor e do agradecimento. Nesse momento devemos bendizer a Deus, exaltando-o pelas maravilhas que tem feito em nós e no nosso meio. É tempo de contemplar a glória de Deus.
A oração de louvor é ainda uma oração libertadora, que descerra as portas do céu e arrebenta os grilhões que nos afligem. “O louvor é despertado pela contemplação da bondade, da verdade, da beleza, da perfeição de Deus" Sigamos o conselho de Santo Agostinho: “Louva e bendiz ao Senhor todos e em cada um de teus dias para que quando venha esse dia sem fim possas passar de um louvor a outro sem esforço”. Na oração muitas vezes travamos uma luta, um combate espiritual (cf. Rm 15,30) que deve ser vencido na perseverança e no amor. Usar os carismas durante a oração: oração em línguas, profecia, discernimento, palavra de ciência etc....
2.3.2 Pecado
Devemos ter consciência da nossa natureza pecadora, pois “se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se reconhecemos os nossos pecados, (Deus aí está), fiel e justo para nos perdoar os pecados e para nos purificar de toda iniquidade” (1 Jo 1,8-9). O pior inimigo do coordenador é o pecado. Uma situação de pecado permanente é capaz de desprestigiar seu ministério. "Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém. Tudo me é permitido, mas eu não me deixarei dominar por coisa alguma" (1 Cor 6,12). O pecado nos impede de correr. Quando temos um pecado permanente, ficamos como que caminhando com muito peso, como se tivéssemos uma pedra no sapato. E necessário evitar o pecado com todas as forças. Estar atento para não cair nas ciladas do inimigo e se deixar aprisionar. "Todos os atletas se impelem a si muitas privações; e o fazem para alcançarem uma coroa corruptível. Nós o fazemos por uma coroa incorruptível. Assim, eu corro, mas não sem rumo certo. Dou golpes, mas não no ar. Ao contrário, castigo o meu corpo e o mantenho em servidão, de medo de vir eu mesmo a ser excluído depois de eu ter pregado aos outros" (1 Cor 9,25). Lembrai das palavras de São Pedro "sede sóbrios e vigiai. Vosso adversário, o demônio, anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar. Resisti-lhe fortes na fé" (1 Pe 5,8-9a).
2.3.3 Viver na vontade de Deus
O que Jesus deseja, o que O satisfaz é unicamente cumprir a vontade do Pai que é o seu alimento assim como nos relata São João: "... entretanto, os discípulos lhe pediam: Mestre come. Mas ele lhes disse: Tenho um alimento para comer, que vós não conheceis. Os discípulos perguntavam uns aos outros: Alguém lhe teria trazido de comer? Disse-lhes Jesus: Meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e cumprir a sua obra" (Jo 4, 32-34).
2.3.4 Conduzidos pelo Espírito
Quando o coordenador se deixa guiar pelo Espírito, orienta-se perfeitamente para Deus. O Espírito vem em auxílio de nossa fraqueza (cf. Rom 8,26), nos dá força e coragem para sermos testemunhas fiéis (cf. At. 1,8), nos liberta e nos dá a vida nova (cf. Rom 8,14-16), nos ensina (cf. Jo 14,26).

sábado, 8 de setembro de 2012

Comer a Palavra de Deus

 
“Quando eu encontrava as Tuas palavras, eu as devorava. Elas se tornaram a minha alegria e a felicidade do meu coração, porque Teu nome era invocado sobre mim, Senhor, Deus dos exércitos (Jr 15,16).”
Muitos de nós achamos difícil ler a Sagrada Escritura, mas o Senhor Jesus quer que nós a comamos, até consumi-la, ou seja, que a devoremos, mesmo. “Nem só de pão o homem viverá, mas de toda palavra que sai da boca de Deus (Mt 4,4)”. Sua palavra é como o mel dos favos (S1 19,11): é doce ao primeiro contato, embora possa vir a se tornar amarga, por causa da perseguição (Ap 10,9-10). No entanto, a palavra de Deus ainda é a nossa maior alegria e felicidade, porque leva o Seu nome (Jr 15,16).
Se a palavra de Deus não for tão importante para nós, provavelmente será porque não temos um relacionamento profundo e pessoal com Ele. Se não passarmos o tempo lendo a Bíblia, então, como poderemos ter o Seu nome? Porque “a ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo” (Catecismo, 133). Você já leu algum artigo sobre alguém que você conheceu pessoalmente? Provavelmente você o devorou com um entusiasmo maior do que outros artigos sobre pessoas desconhecidas. E o interesse seria ainda maior, caso você conhecesse o autor. Se você tem um relacionamento pessoal com o autor da Bíblia: Deus – o Pai – e se você conhece o Verbo feito carne – Jesus – então você vai ler, estudar, comer e devorar a palavra de Deus, na Bíblia. Delicie-se com a palavra do Senhor e medite nela dia e noite (S1 1,2). Disse Jesus: “Vós perscrutais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; ora, são elas que dão testemunho de mim” (Jo 5, 39).Jesus Cristo é o centro, e o fim das Santas Escrituras. Ele é a Palavra de Deus (Ap 19,13). Conhecer Jesus é estudar a Sagrada Escritura. Quem estuda a Bíblia vive a obediência do Reino de Deus.
 
A PALAVRA DE DEUS Um dos documentos mais renovadores do Concílio Vaticano II é a Constituição Dogmática Dei Verbum (Sobre a Palavra de Deus). Era, sem dúvida, necessário que, de uma vez por todas, a Igreja dissesse uma palavra autorizada e firme quanto à sua missão de propor a genuína doutrina sobre a Revelação divina e a sua transmissão para o mundo inteiro. A Dei Verbum foi aprovada no dia 18 de Novembro de 1965. Dei Verbum significa “O Verbo de Deus”, ou melhor, “A Palavra de Deus”. É “Constituição dogmática” por conter “assuntos ou matéria de fé”, pois trata da revelação Divina, da Inspiração Divina, do Antigo e do Novo Testamento e da relação entre as Sagradas Escrituras, a Tradição e o Magistério da Igreja. A Sagrada Escritura é a Palavra de Deus, escrita por inspiração do Espírito Santo; a Sagrada Tradição, por sua vez, transmite integralmente aos sucessores dos Apóstolos a Palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito de verdade, a conservem, a exponham e a difundam fielmente na sua pregação. Por tanto, a Igreja não tira só da Sagrada Escritura a sua certeza a respeito de todas as coisas reveladas, mas também da Sagrada Tradição.
A Sagrada Escritura na vida da Igreja: a Igreja venera as Sagradas Escrituras; sobre as traduções da Sagrada Escritura; a investigação bíblica; a importância da Sagrada Escritura para a Teologia; a leitura da Sagrada Escritura; a influência e importância da renovação dos estudos sobre a Sagrada Escritura. (DV, cap. 6). Viver bem é viver o comendo a Palavra de Deus. A leitura mais importante na face da terra é a da Sagrada Escritura. Ler a Bíblia é se alimentar para vida eterna.

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por Pe. Inácio José do Vale, Professor de História da Igreja - Faculdade de Teologia de Volta Redonda
Católicos na Rede

Qual o segredo da vida de Maria?

Hoje, a liturgia celebra a Natividade de Nossa Senhora, ou seja, o aniversário de Maria. Só alguns santos, pela participação singular na história da salvação, têm celebração da memória do dia do nascimento e do dia da morte. João Batista e Nossa Senhora se unem a Jesus, o Senhor, nesta particularidade.
Este é o dia em que Deus começa a pôr em prática o Seu plano eterno, pois era necessário que se construísse a casa, antes que o Rei descesse para habitá-la. Esta “casa”, que é Maria, foi construída com sete colunas, ou seja, os dons do Espírito Santo. Conta-nos a tradição que os pais de Nossa Senhora – Joaquim e Ana – já eram velhos e não tinham filhos; visitados por Deus em sua honestidade e fidelidade ao Senhor, Ana ficou grávida de Maria, a qual, ao nascer, logo cedo foi apresentada no Templo e consagrada ao Senhor. Maria é escolhida por Ele desde o ventre de sua mãe, tornando-a Imaculada, sem a mancha do pecado original em vista da missão que ela teria: ser a Mãe do Salvador.
José, Filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo” (cf. Lc 1, 20). Este é o segredo da vida de Maria; desde seu nascimento, sua vocação era caminhar com seu Filho até a cruz e também no nascimento da Igreja em Pentecostes. O segredo da vida de Nossa Senhora é ser conduzida pelo Espírito Santo. Maria nada fez sem a ação do Espírito de Deus, por isso, Ele é a “cheia de graça”.
Era esposa e mãe, educadora, dona de casa guiada, conduzida pela ação de Deus. Dócil e obediente, ao mesmo tempo em que educava e ensinava, era submissa a Jesus e Sua missão: “Fazei tudo que Ele vos disser”, disse Maria, nas Bodas de Caná, àqueles que serviam (cf. Jo 2, 5).
Celebrar o aniversário da Mãe de Jesus é celebrar sua participação na história da salvação, sua vocação e o mistério da escolha de Deus sobre a humanidade. O desígnio salvífico de Deus passa pelo ‘sim’ de cada pessoa, de cada filho e filha. O Senhor nos criou sem nós, mas ‘não pode’ nos salvar sem a nossa participação. Isso fala de amor, de liberdade. Cabe a nós – como à Virgem Maria – ser, cada vez mais, dóceis e abertos à ação do Espírito Santo de Deus, porque tamanha foi a fecundidade de Nossa Senhora que gerou o Salvador do mundo. Por meio dela “Deus está conosco”.
Nela, tudo foi feito pelo Espírito Santo! Em você, o Espírito de Deus encontra lugar para agir e conduzir sua vida à vontade do Senhor para o bem de todos?
Oração: Oh, Maria Santíssima, eleita e destinada ao eterno pela augustíssima Trindade para mãe do Unigênito Filho do Pai, anunciada pelos profetas, esperada dos patriarcas e desejada de todas as gentes, sacrário e templo vivo do Espírito Santo, sol sem mancha, porque fostes concebida sem pecado original, senhora do Céu e da Terra, rainha dos céus e dos anjos! Nós, humildemente prostrados, vos veneramos e nos alegramos da solene comemoração anual de vosso felicíssimo nascimento. E do mais íntimo de nosso coração vos suplicamos que vos digneis, benigna, vir a nascer, espiritualmente, em nossas almas para que, cativadas estas por vossa amabilidade e doçura, vivam sempre unidas ao vosso dulcíssimo e amabilíssimo Coração. Amém!
 
 

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Eu e minha casa serviremos ao Senhor


Por Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém/PA
Assessor Eclesiástico da RCCBRASIL
A frase é de uma das maiores personalidades do século XX, Mahatma Gandhi, que conduziu seu país, a Índia, assim como muitos outros, a encontrarem o caminho da independência e da democracia, através da não violência ativa: “Quem não vive para servir, não serve para viver”. Viver para servir! Proposta desafiadora, fonte de realização para todos os seres humanos, caminho de felicidade. Parece-nos encontrar aí uma das muitas Sementes do Verbo de Deus plantadas na sabedoria e na prática religiosa da humanidade, pois a própria Palavra Eterna do Pai encarnada, Jesus Cristo, mostrou a que veio, abrindo perspectivas novas para seus discípulos e para toda a humanidade: "Eu vim não para ser servido, mas para servir e dar a vida por resgate de muitos" (Mc 10,45). Jesus Cristo veio ao mundo para fazer a vontade do Pai, para servir.
O Antigo Testamento reporta a história de Josué, a quem foi dada a tarefa de introduzir o Povo de Deus na Terra prometida. Como havia acontecido na chamada Assembleia do Sinai, quando Moisés, em nome de Deus, pediu ao povo, conhecido pela sua cabeça dura, a definição de rumos, diante da Aliança estabelecida, também em Siquém se reúnem todas as tribos de Israel (Js 24,1-18). A escolha de Josué, em nome de toda a sua família, é muito clara: “Eu e minha casa serviremos ao Senhor”! Nas diversas etapas da história da Salvação, retorna a provocação positiva que toca no mais profundo da liberdade humana. Trata-se de escolher o serviço a Deus, optar pela fidelidade à sua Palavra, cumprir seus mandamentos, assumir a missão confiada àquele povo escolhido. A resposta do povo de Deus a Josué é decidida: “Nós também serviremos ao Senhor, porque ele é o nosso Deus” (Js 24,18). Durante os séculos que se seguiram, continuamente o Senhor enviou emissários que o chamaram de novo à fidelidade!
Veio Jesus, chamou discípulos, começou uma nova forma de viver, do meio deles escolhe apóstolos, cria relacionamento diferente, acolhe crianças, chama justos e pecadores, derruba barreiras culturais e religiosas, abre a estrada da fraternidade. Também o Senhor, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, entra no maravilhoso jogo de provocação à liberdade humana. Depois das primeiras etapas da pregação do Reino e da constituição de uma nova comunidade de irmãos, os chamados evangelhos sinóticos pede aos discípulos uma definição: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (Cf. Mt 16,13-20; Mc 8,27-30; Lc 9,18-21). Já o Evangelho de São João, no texto que a Igreja proclama no vigésimo primeiro Domingo do Tempo Comum (Jo 6,60-69), traz uma pergunta altamente provocante, após a multiplicação de Pães e o Discurso de Jesus sobre o Pão da Vida: “Vós também quereis ir embora?” Vem de Pedro a resposta que continua a ressoar pelos séculos: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o santo de Deus!” Os discípulos aprenderam a seguir Jesus, a partir da fé professada naquele que é o Santo de Deus, Messias, Cristo, Filho de Deus. A Igreja não se cansará de proclamar a mesma fé em Jesus Cristo, até o fim dos tempos.
Após a Ressurreição e Ascensão de Cristo e o Pentecostes, foi chamado aquele que, perseguidor implacável, veio a ser Apóstolo das gentes. É o próprio Paulo que conta, numa das narrativas de sua conversão, a pergunta que brota no coração de todas as pessoas que se encontram com Jesus Cristo: “Senhor, que queres que eu faça?” (At 22,10) A graça do apostolado continua a se multiplicar na Igreja. Quantas pessoas são chamadas a servir ao Senhor no anúncio da Boa Nova da Salvação, nos ministérios e serviços existentes nas Comunidades Cristãs! Que profusão de carismas suscitados pelo Espírito no coração da Igreja, através dos quais as palavras do Evangelho são postas em prática e “lidas” nas inúmeras obras de caridade e de serviço existentes em toda parte! E como não reconhecer a beleza do serviço prestado por homens e mulheres, adultos e jovens, que desempenham a missão de catequistas em nossas Paróquias?
São todas pessoas que experimentaram a graça do seguimento de Jesus e não podem se calar. São leigos e leigas que nos serviços internos da Igreja, nas inúmeras frentes de trabalho apostólico e na caridade, podem dizer com o Apóstolo São Paulo: “Anunciar o evangelho não é para mim motivo de glória. É antes uma necessidade que se me impõe. Ai de mim, se eu não anunciar o evangelho!” (1 Cor 9,16). Por isso fixam os seus corações onde se encontram as verdadeiras alegrias. Com todas estas pessoas, agradecemos a Deus pelo mês dedicado às vocações. Em sua conclusão, temos o direito e o dever de acolher as novas e muitas vocações para o serviço ao Senhor e à sua Igreja.